Pouco se conhece sobre o modo de herança dos genes envolvidos com as pelagens e existem muitas divergências entre autores. 
    
 A espécie eqüina apresenta grande variedade de pelagens, que são determinadas por vários pares de genes proporcionando uma infinidade de combinações gênicas.
 No Brasil são usadas várias nomeclaturas para definir as pelagens, isso se da por regionalismo causando alguma confusão. 
 Existem diversas teorias sobre a forma de transmissão dos genes envolvidos  com as pelagens dos eqüinos. A mais estudada é a da escola americana de  Castle, que propõe um abecedário para designar esses genes.
  No ABC da genética das pelagens dos eqüinos, alguns genes, tem ação bem  conhecida, mas, muitos são desconhecidos ou sem comprovação.
 Genes da série C (Color)
  Vamos mencionar a letra (C) em primeiro lugar devido a sua importância.  Nesta série tem-se o alelo dominante (C) e o recessivo (c). O (C) é  responsável pela produção do pigmento melânico, pois permite que a  reação bioquímica, descrita a seguir, aconteça em todas as suas etapas.
 Tirosina + Dopa tirosinase + cobre  Melanóide + Proteína = MELANINA
  Na presença do alelo recessivo e, na forma homozigota (cc) o animal é  incapaz de formar o pigmento denominado MELANINA, por uma deficiência da  enzima tirosinase. A reação descrita não se completa. Esses animais são  chamados de ALBINOS e possuem pelos brancos, pele e olhos róseos, pois o  sangue é visualizado por transparência. O verdadeiro albino é observado  nos coelhos e ratos. Na espécie eqüina nunca foi descrito nenhum animal com deficiência total de pigmento melânico. Na verdade os cavalos conhecidos como albinos possuem na verdade deficiência de produção de melanina e não ausência total.
(CAVALO ALBINO)
Genes da serie B (Black)
  Os alelos desta série, (B e b), são responsáveis pela cor do pigmento  produzido. O (B), dominante, quando acontece no genótipo nas formas  homozigotas (BB) e heterozigota (Bb), determina que o pigmento produzido  seja preto. Seu alelo recessivo em homozigose (bb) leva a produção do  pigmento vermelho. Com esse conhecimento será possível definir os genótipos das pelagens preta e alazã.
(CAVALO PRETO)
Pelagem Preta CCBB x CCBb = 25% BB Preto, 50% Bb Preto e 25% bb Alazã
(CAVALO ALAZÃO)
Pelagem Alazão CCbb x CCbb = 100% Alazã
Genes da serie A (Aguti)
Os  alelos desta série são responsáveis pela produção da FEOMELANINA, que  determina clareamento da pelagem em áreas especificas. Desta forma, se o  animal estiver produzindo pigmento preto (B) e o gene para feomelanina  estiver presente no genótipo, determinadas áreas da pelagem serão de  coloração vermelha e se o pigmento produzido for vermelho (bb) a  presença da feomelanina tomará áreas especificas de tonalidade  amarelada.
Na serie (A) deve-se considerar, em ordem de dominância, os alelos relacionados a seguir:
(A +, A, a + a) Determina clareamento que fica restrito as áreas da cabeça, flancos e focinhos.
(B_A+)  Na presença de (B), alelo responsável pela produção do pigmento preto, o  (A) determina a pelagem conhecida como castanho pinhão. O animal terá  produção do pigmento preto com clareamento (tonalidade avermelhada) na  cabeça, flancos e axilas.
(BbA+) Pelagem vermelha com áreas amareladas na cabeça, flanco e axilas.
(A) Clareamento de toda a cabeça, pescoço e tronco.
(B_A) Pelagem castanha. O animal terá crina, cauda e membros pretos demonstrando  a presença do (B_) no genótipo. O alelo (A) provoca clareamento da  pelagem na cabeça, pescoço e tronco tomando o pigmento de tonalidade  avermelhada.
(CAVALO CASTANHO)
B_A_bb Pelagem Castanha
(bbA_)  Pelagem alazã sobre baia. Com esse genótipo o animal vai se apresentar  com crina, cauda e membros vermelhos, pois o pigmento produzido será o  vermelho (alelo b em homozigose), mas a presença do (A) no genótipo  provoca clareamento nas regiões da cabeça, pescoço e tronco, tornando a  pelagem dessas regiões de tonalidade amarelada.
Genes da Série D (Dilution)
A ação do alelo dominante (D), desta série é provocar diluição na tonalidade da pelagem, agindo na intensidade de produção e distribuição do pigmento produzido. Assim,  animais que possuem esse alelo na forma dominante (D) terão menor  produção de pigmento melânico. Seu efeito é somativo, ou seja, na forma  dominante homozigota (DD) haverá menor produção de pigmento que na forma  dominante heterozigota (Dd).

(CAVALO BAIO)
(CAVALO BAIO AMARILHO)
(CAVALO LOBUNO)
aaB_D
Genes da Série E_ (Extension)
(E  e ED) O alelo (E) é um fator de extensão e determina que o pigmento  produzido seja uniformemente distribuído em toda extensão do corpo. Sua  ação é antagônica ao alelo (A), pois este determina clareamento em  regiões especificas e aquele, que o animal seja uniformemente  pigmentado. Portanto o (E) é hipostático sobre o (A), ou seja,  na presença de (A) ele não se manifesta no fenótipo do animal. O eqüino  poderá ser portador do (E) e conseqüentemente transmiti-lo a prole, mas  não saberemos identificar a presença desse alelo no seu genótipo pela  observação de sua pelagem
O  alelo recessivo (e) restringe a distribuição do pigmento na cabeça. Nas  demais regiões do corpo, alguns pigmentos pretos tornam-se vermelhos e  os vermelhos passam a ter tonalidades amareladas.
O  alelo (ED) é um mutante da série (E). Sua ação é produzir muito  pigmento que será uniformemente distribuído por toda extensão do corpo.  Tem efeito epistático sobre (A), ou seja, na sua presença o (A) não se  manifesta. Assim o acasalamento de animais de pelagem preta comum,  oriundos do genótipo (aaB_E_) poderá ocorrer nascimentos  de potros de pelagem preta ou alazã. No entanto, quando os reprodutores  pretos forem portadores do alelo (ED) (Preta Azeviche), pode-se esperar  desse acasalamento a ocorrência também da pelagem castanha. O preto (B  ED) poderá carrear o alelo (A) sem que este se manifeste no fenótipo. Os  portadores do (E) possuem intensa pigmentação na pelagem e seu efeito traz como conseqüência variedades:

(CAVALO ALAZÃO TOSTADO)
(BbaaE) Alazã Tostada ou (BbA_E) Alazã Tostada
Genes da Série G (Gray)
O  alelo dominante da série (G) é responsável pela pelagem tordilha.  Quando acontece na forma homozigota (GG) ou heterozigota (Gg) em  qualquer dos genótipos, o animal  nascerá com a pelagem determinada por esse genótipo e terá aparecimento  gradativo de pêlos brancos até se tornarem completamente brancos.

(FOTO DE UM CAVALO TORDILHO)
A  ação do (G) é impedir que o pigmento produzido pelo melanócito (célula  produtora de melanina) seja distribuído para o pêlo.esse pigmento se  acumulará dentro da célula e migrará para as extremidades do corpo. Em  conseqüência desse acumulo gradativo de pigmento nas células das  extremidades, alguns autores sugerem que o gene da pelagem tordilha (G)  predisponha a uma patologia denominada “MELANOSE”. Essa suspeita,  entretanto, ainda não teve comprovação cientifica.
Outra  particularidade desse alelo é seu efeito somativo, ou seja, sua forma  homozigota (GG), o clareamento da pelagem será mais rápido que na forma  heterozigota (Gg). É importante ressaltar também que o (G) é um gene  epistático sobre todos os outros, ou seja, somente vai se manifestar no  fenótipo quando estiver presente no genótipo,  levando a um clareamento gradativo da pelagem e nunca será mascarado  por um outro gene. Então, um animal para ser tordilho terá,  obrigatoriamente, um de seus pais também tordilho.
Na seleção para a pelagem tordilha é fundamental considerar os seguintes aspectos:
O animal com o genótipo (GG) clareará mais rapidamente que o de genótipo (Gg).
Do acasalamento de dois reprodutores tordilhos com clareamento rápido, tem-se 100% da progênie também da pelagem tordilha.
GG x GG = s 100% Tordilhos
Do acasalamento de dois reprodutores tordilhos de clareamento lento, 75% dos potros nascerão de pelagem tordilha.
Gg x Gg = 25% (GG%) Tordilhos, 50% (Gg) Tordilhos e (gg) 25% outra pelagem.
Do  acasalamento de um animal tordilho de clareamento rápido com outro de  qualquer outra pelagem, 100% dos produtos serão de pelagem tordilho de  clareamento lento. 
(GG x gg) 100% (Gg) Tordilho
Do  acasalamento de um animal tordilho de clareamento lento com outro de  qualquer outra pelagem, 50% dos potros serão também de pelagem tordilha.
Gg x gg = 50% Tordilho e 50% de outra pelagem
Por seu efeito epistático, sempre que o alelo (G) estiver presente no genótipo,  o animal será de pelagem tordilha e, portanto, um eqüino de pelagem  tordilha terá, obrigatoriamente, um de seus pais também de pelagem  tordilha.
Genes da Série M (Markings)
Aralelos  (M) e (m) são os genes responsáveis pelo aparecimento das  particularidades das pelagens (calçamentos, estrela, cordão, etc) tem  sido amplamente estudados e os autores divergem quanto à letra a ser  utilizada para a sua designação. 
O gene para particularidades de pelagem (calçamento e particularidades de cabeça) é recessivo (mm).
Na seleção para animais sem particularidades, seria necessário eliminar todos os animais que apresentassem particularidades.
(mm) x (mm) = 100% mm
Na  seleção para animais sem particularidades, seria necessária a  eliminação de todos os reprodutores, machos e fêmeas, que tivessem  filhos com particularidades.
(Mm) x (Mm) = 25% MM (Sem particularidades), 50% Mn (sem particularidades) e 25% mm (com particularidades)
Sempre  que o animal tiver particularidades nos membros terá também algum sinal  na cabeça, pois existe associação entre calçamento e algumas  particularidades de cabeça.
Sempre  que o animal tiver particularidades nos membros terá também algum  sinal. Parece haver sinais de cabeça com herança independente da dos  membros.
Tamanho e forma das particularidades de membros e cabeça são ocasionados por genes modificadores independentes.
Genes da Série R (Roan)
(R)  e (r) o alelo dominante desta série (R) é responsável pela pelagem  rosilha. Este gene, atuando sobre a cor base (qualquer outra pelagem),  determina que o animal apresente interpolação de pêlos brancos e pêlos  pigmentados disseminados pelo corpo, sem caráter invasivo nem evolutivo.  A proporção de pêlos brancos é maior no pescoço e tronco que na cabeça e  extremidades dos membros, os quais se destacam por uma tonalidade mais  escura.
(FOTOS DE UM ANIMAL ROSILHO)
O  portador do alelo (R) diferencia-se daqueles que tem o (G), pois sua  ação faz com que o potro, já ao nascimento, apresente interpolação de  pêlos brancos no pescoço e tronco. Na pelagem tordilha, o branqueamento é  progressivo e a interpolação de pêlos brancos ocorre em toda a extensão  do corpo, inclusive na cabeça. Podem haver casos de potros que nascem  Rosilhos e apresentam um branqueamento gradativo. Essa situação acontece  quando, alem do (R), ocorre também o (G) epistático no genótipo do  animal.
A  expressão desse gene ainda não está totalmente esclarecida, existindo,  por exemplo, informações contraditórias sobre seu efeito letal  embrionário, quando em homozigose dominante (Caldeiras & Portas,  1999) e sobre sua condição de epistasia, pois (Bowling, 1997) citou que o  animal Rosilho não terá necessariamente de ter um dos pais também de  pelagem Rosilha.
Genes da Série W (White) - (W) e (w) 
O  (W) dominante é responsável pela pelagem branca. Tem características de  epistasia, ou seja, mascara o efeito de todos os outros genes que já  foram mencionados. Seu alelo recessivo (w) permite a manifestação do  restante do genótipo. Os cavalos brancos ocasionados pelo alelo (W)  apresentam pêlos brancos, olhos azulados, castanhos ou amarelados e  apenas algumas áreas do corpo pigmentadas. Esses indivíduos são sempre  heterozigotos (Ww). Os fetos portadores do genótipo (WW) são  reabsorvidos ou abortados. Essa combinação genética leva a deficiência  de assimilação do cobre e o feto morre de anemia, em conseqüência da  importante função desse mineral na formação da hemoglobina.
Ww x Ww = 25% Morte Embrionária, 50% Brancos e 25% Outra Pelagem
Existem  também outra séries de genes como o (LP – Leopard) encontrado em  cavalos Apalloosa, genes da série (O – Overo) responsável pelo  aparecimento de malhas brancas na pelagem, genes da série (P – Paint)  também conhecido como Tobiano onde os animais apresentam malhas brancas  despigmentadas.
Desta  forma, é de grande importância que os criadores e técnicos tenham um  certo conhecimento sobre a genética das pelagens, podendo assim,  direcionar sua criação visando na medida do possível a pelagem favorita.
Bibliografia: 
JONES, William E, Genética e Criação de Cavalos: SP. Roca, 1987
REZENDE, Adalgiza Souza Carneiro, Pelagem dos Eqüinos, Belo Horizonte FEP-MVZ Editora, 2001
RUBIM, Cristiano e Humberto.
fonte:
http://clarkveterinario.blogspot.com 











 
 

