quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O Gene dos Boêmios

Foto: www.hypescience.com

Cientistas desvendaram os processos cerebrais envolvidos no abuso de álcool na adolescência e dizem que suas descobertas ajudarão a explicar por que alguns jovens têm mais tendência a beber.
Um estudo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências (PNAS) revelou que um gene conhecido como RASGRF-2 desempenha um papel crucial no mecanismo de como o álcool estimula o cérebro na liberação de dopamina, provocando sentimentos de recompensa. "Se as pessoas têm a variante do gene RASGRF-2, o álcool dá-lhes um sentido mais forte de recompensa, tornando-os mais susceptíveis de serem maiores consumidores de bebidas alcoólicas", disse Gunter Schumann, que conduziu o estudo no Instituto Kings College de Psiquiatria de Londres.
O álcool e outras drogas causam dependência ativando os sistemas de dopamina do cérebro, que induz sensações de prazer e recompensa. No mundo todo, cerca de 2,5 milhões de pessoas morrem a cada ano a partir do uso nocivo do álcool, representando cerca de 3,8% de todas as mortes, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Estudos recentes feito cientistas da IOP descobriram que RASGRF-2 é um gene de risco para o abuso de álcool, mas, até agora, o mecanismo envolvido no processo não esta claro.
Para este estudo, os cientistas inicialmente estudaram o comportamento de ratos que tinham sido modificados para ter o gene RASGRF2 removido, para ver como eles reagiriam ao consumo de álcool. Eles descobriram que a falta de RASGRF-2 foi associada a uma redução significativa na atividade de procura de álcool.
Foi descoberto também que os ratinhos que consumiram álcool, na ausência de RASGRF-2 reduziram a atividade da liberação de dopamina nos neurônios na região do cérebro chamada área tegmental ventral (ATV) - limitando qualquer sentido de recompensa.
A equipe então analisou imagens do cérebro de 663 meninos de 14 anos e descobriram que aqueles com variações genéticas do gene RASGRF2 tinham mais atividade em uma área do cérebro intimamente ligada ao VTA e também envolvida na libertação de dopamina.
Para confirmar os resultados, a equipe analisou o comportamento de beber do mesmo grupo de rapazes, dois anos depois, quando muitos deles já haviam começado a beber com frequência. Os cientistas descobriram que aqueles com a variação do gene RASGRF-2 bebiam mais frequentemente na idade de 16 anos do que aqueles que não possuíam a variante.
"As pessoas buscam situações que preencham o seu sentimento de recompensa, por isso, se o seu cérebro está ligado a encontrar o gratificante álcool, você vai procurá-la", diz Schumann, em um comunicado sobre a pesquisa. "Nós agora descobrimos a cadeia de ação: como nossos genes moldam esta função no nosso cérebro e como isso, por sua vez, leva a um comportamento humano”.
Antes de sair ai colocando a culpa exclusivamente no gene para justificar seu o consumo excessivo de álcool, o professor Gunter explica que isso não é prova que somente este gene esteja exclusivamente ligado com a bebedeira,  é provável que fatores ambientais e muitos outros genes também estejam envolvidos, os resultados ajudam a lançar luz sobre o porque algumas pessoas parecem ser vulneráveis à tentação do consumo de bebidas  alcoólicas.

Fontes:
http://www.bbc.co.uk
http://www.huffingtonpost.com


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