quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Gene da Ardencia da Pimenta Identificado.


Para desenvolver as pesquisas, os cientistas puderam contar  com  o  banco  de  germoplasma  de  pimentas e  pimentões  da  Embrapa  Hortaliças,  que  hoje possui mais de dois mil tipos diferentes na coleção. Segundo Márcio Elias, ter esse tesouro genético à disposição dos pesquisadores foi fundamental para a agilidade e eficiência da pesquisa desenvolvida.
  A equipe de cientistas começou estudando a diversidade genética das pimentas, algumas nativas do Brasil, outras oriundas das mais diversas partes do  mundo.  “Na  natureza  -  explica  Márcio  Elias  - em geral as pimentas ardem. Iniciamos a pesquisa com o pimentão, que é uma pimenta que não arde, identificada e domesticada pelo homem séculos atrás. Queríamos descobrir porque o pimentão não arde”,  explica  o  cientista.  Depois  de  análise  de DNA, extraído de pedaços de folhas de mais de 500 tipos  diferentes  de  pimentas  e  pimentões,  Bruna Ohse,  estudante  que  trabalha  com  Márcio  Elias, identificou deleções (partes que foram apagadas ao longo da sua história evolutiva) e mutações no DNA  que  impedem  o  funcionamento  da  enzima que codifica o gene da capsaicina, responsável pelo ardor.
“Com a identificação dessas deleções e mutações”, como  explica  Márcio  Elias,  “desenvolvemos  uma tecnologia  que  torna  segura,  rápida,  eficiente e  barata  a  identificação  das  pimentas  que  não ardem.  Podemos  agora,  entre  milhares  de  plantas, identificar precocemente aquelas que ardem ou não no programa de melhoramento genético”. Essa tecnologia,  amplamente  testada  pelos  cientistas da  Embrapa,  terá  um  impacto  significativo  no desenvolvimento de novas variedades de pimentas.
Além  de  desenvolver  variedades  sem  ardor  com mais rapidez e menor custo, a tecnologia permitirá aos cientistas, antes que a planta floresça e produza frutos,  concentrarem  os  seus  esforços  na  seleção de  plantas  superiores  para  outras  características importantes,  como  resistência  a  patógenos  e pragas. “Podemos  otimizar  o  processo  de  seleção  no melhoramento genético de pimentas, identificando várias  características  positivas  em  uma  planta antes que ela floresça, agregando valor às novas variedades”,  sintetiza  o  cientista,  lembrando  que “Não tarda o dia em que pimenta (doce) nos olhos dos outros realmente será colírio”.


*Figura  – O exame de DNA permite identificar se o fruto arde ou não, independentemente do aspecto da pimenta. Se a  pimenta  (Capsicum  annuum)  tem  o  segmento  de  DNA indicado pela seta vermelha, os seus frutos serão ardidos.  Se  não  possui  este  segmento,  mas  o  segmento  indicado pela seta verde, os frutos serão doces(as cores da pimenta  não tem influencia sobre o ardor).
Fonte:
  http://www.cenargen.embrapa.br


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