Professor aposentado de Iowa State University e membro da National  Academy of Science dos EUA, o Dr. Arnel Hallauer ministrou a conferência  de abertura do 6º Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, dia  08/08/2011, no Hotel Atlântico, em Búzios (RJ). 
Referência internacional na área de melhoramento de plantas, Hallauer  é autor, entre outras obras, do livro ‘Quantitative Genetics In Maize  Breeding’, em coautoria com o professor José Branco de Miranda Filho, da  Universidade Federal de Santa Catarina.
Depois de falar a uma atenta plateia sobre a história e a importância  do melhoramento de plantas, Dr. Hallauer concedeu esta pequena  entrevista à Assessoria de Comunicação da UENF, com o auxílio da  professora Telma Nair Santana Pereira:
Ascom/Uenf: O que o senhor, que é uma autoridade  mundial no tema, diria aos estudantes que se preparam para a carreira de  melhoristas de plantas?
Hallauer: Temos que encorajar as pessoas, estimular  estes jovens. Para atuar como melhorista, já não basta conhecimento nas  técnicas clássicas, mas é preciso associá-las às novas técnicas da  biotecnologia; o treinamento formal clássico tem que ser associado às  novas técnicas. O perfil do profissional de hoje é diferente do de  antigamente.
Ascom/Uenf: Os impactos das mudanças climáticas sobre a produção agrícola já ocorrem ou ainda são cenários prováveis?
Hallauer: As informações sugerem que essas mudanças  climáticas realmente vão ocorrer, mas é difícil fazer previsões no que  se refere aos impactos sobre a produção agrícola. As mudanças caminham  muito na direção da irregularidade dos parâmetros climáticos. Isto  dificulta o trabalho do melhorista, que consiste em um processo longo,  desenvolvido ano após ano, em diferentes ambientes (ora mais  localizados, ora mais amplos), onde os materiais são testados. À medida  que as mudanças ocorram, vai ter que haver ajustes. Mas realmente é um  processo longo.
Ascom/Uenf: O senhor já tinha vindo antes ao Brasil?
Hallauer: Sim, esta é a quarta vez que venho ao  país. Já estive em Recife alguns anos atrás, depois em Piracicaba e  também numa grande cidade costeira… não lembro bem o nome…
Ascom/Uenf: Salvador?
Hallauer: Talvez. Já tive alunos aqui no Brasil,  alguns muito bons, e tenho um livro publicado aqui em coautoria com o  professor Branco Miranda.
Ascom/Uenf: Na sua visão, a disseminação da cultura  da cana-de-açúcar para fins energéticos é um problema (para a produção  de alimentos e para a preservação de ecossistemas remanescentes) ou uma  solução?
Hallauer: Isso depende da forma como o processo é  conduzido, mas a cana é uma alternativa que tem menos impacto maléfico  ao ambiente, portanto uma alternativa interessante apontada pelo Brasil,  que desenvolveu a tecnologia para a produção do etanol. Nos EUA se usa o  milho, que não é tão competitivo. Na verdade, não sei por que a  tecnologia brasileira não se expandiu para outros países tropicais.
Ascom/Uenf: O que se pode esperar para a área de melhoramento de plantas num futuro de médio prazo, digamos, uns 20 anos?
Hallauer: O melhoramento é uma área em que os ganhos  demoram muitos anos para acontecer. Não é como um artefato tecnológico  que surge rapidamente. Em nossa área, os trabalhos levam às vezes 15,  20, 30 anos. Um exemplo é o professor Federizzi, que recebeu um prêmio  durante o Congresso: ele levou uns 20 anos para desenvolver as suas  variedades. É um processo lento, que o público geralmente não vê, mas  importantíssimo para todos. Mesmo com os avanços da biologia molecular, o  desenvolvimento de uma variedade é algo que demanda tempo e muita  persistência.
Fonte:www.sbmp.org.br


