segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Entrevista com Arnel Hallauer.

                                   


Professor aposentado de Iowa State University e membro da National Academy of Science dos EUA, o Dr. Arnel Hallauer ministrou a conferência de abertura do 6º Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, dia 08/08/2011, no Hotel Atlântico, em Búzios (RJ).
Referência internacional na área de melhoramento de plantas, Hallauer é autor, entre outras obras, do livro ‘Quantitative Genetics In Maize Breeding’, em coautoria com o professor José Branco de Miranda Filho, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Depois de falar a uma atenta plateia sobre a história e a importância do melhoramento de plantas, Dr. Hallauer concedeu esta pequena entrevista à Assessoria de Comunicação da UENF, com o auxílio da professora Telma Nair Santana Pereira:
Ascom/Uenf: O que o senhor, que é uma autoridade mundial no tema, diria aos estudantes que se preparam para a carreira de melhoristas de plantas?
Hallauer: Temos que encorajar as pessoas, estimular estes jovens. Para atuar como melhorista, já não basta conhecimento nas técnicas clássicas, mas é preciso associá-las às novas técnicas da biotecnologia; o treinamento formal clássico tem que ser associado às novas técnicas. O perfil do profissional de hoje é diferente do de antigamente.
Ascom/Uenf: Os impactos das mudanças climáticas sobre a produção agrícola já ocorrem ou ainda são cenários prováveis?
Hallauer: As informações sugerem que essas mudanças climáticas realmente vão ocorrer, mas é difícil fazer previsões no que se refere aos impactos sobre a produção agrícola. As mudanças caminham muito na direção da irregularidade dos parâmetros climáticos. Isto dificulta o trabalho do melhorista, que consiste em um processo longo, desenvolvido ano após ano, em diferentes ambientes (ora mais localizados, ora mais amplos), onde os materiais são testados. À medida que as mudanças ocorram, vai ter que haver ajustes. Mas realmente é um processo longo.
Ascom/Uenf: O senhor já tinha vindo antes ao Brasil?
Hallauer: Sim, esta é a quarta vez que venho ao país. Já estive em Recife alguns anos atrás, depois em Piracicaba e também numa grande cidade costeira… não lembro bem o nome…
Ascom/Uenf: Salvador?
Hallauer: Talvez. Já tive alunos aqui no Brasil, alguns muito bons, e tenho um livro publicado aqui em coautoria com o professor Branco Miranda.
Ascom/Uenf: Na sua visão, a disseminação da cultura da cana-de-açúcar para fins energéticos é um problema (para a produção de alimentos e para a preservação de ecossistemas remanescentes) ou uma solução?
Hallauer: Isso depende da forma como o processo é conduzido, mas a cana é uma alternativa que tem menos impacto maléfico ao ambiente, portanto uma alternativa interessante apontada pelo Brasil, que desenvolveu a tecnologia para a produção do etanol. Nos EUA se usa o milho, que não é tão competitivo. Na verdade, não sei por que a tecnologia brasileira não se expandiu para outros países tropicais.
Ascom/Uenf: O que se pode esperar para a área de melhoramento de plantas num futuro de médio prazo, digamos, uns 20 anos?
Hallauer: O melhoramento é uma área em que os ganhos demoram muitos anos para acontecer. Não é como um artefato tecnológico que surge rapidamente. Em nossa área, os trabalhos levam às vezes 15, 20, 30 anos. Um exemplo é o professor Federizzi, que recebeu um prêmio durante o Congresso: ele levou uns 20 anos para desenvolver as suas variedades. É um processo lento, que o público geralmente não vê, mas importantíssimo para todos. Mesmo com os avanços da biologia molecular, o desenvolvimento de uma variedade é algo que demanda tempo e muita persistência.
Fonte:
www.sbmp.org.br
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