sábado, 29 de outubro de 2011

Feijão Transgênico Aprovado Pela CTNBio


TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) aprovou ontem a primeira semente de feijão transgênico para cultivo no país. Ela deve estar disponível para o plantio em 2014.
Desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a variedade transgênica é a primeira totalmente produzida por uma instituição pública.
O feijão geneticamente modificado é resistente ao vírus do mosaico dourado, um dos principais inimigos dos agricultores. Estima-se que essa praga provoque a perda de 90 mil a 280 mil toneladas de feijão por ano --o país produz 3,5 milhões de toneladas.
"Na média, a perda seria suficiente para alimentar 10 milhões de pessoas", diz Francisco Aragão, pesquisador da Embrapa e um dos responsáveis pelo projeto.
A nova tecnologia pode, portanto, resultar em maior oferta de feijão no país e oscilações menos bruscas de preço ao consumidor.
O feijão foi um dos vilões da inflação em 2010 e a previsão é que a alta se repita nos próximos meses.
A adoção da semente transgênica pelo agricultor também pode diminuir o número de aplicações de inseticidas, o que resultará em economia de custo e aumento na renda do produtor.
Segundo Aragão, a semente transgênica deve ser vendida por valor próximo ao da convencional, pois não haverá cobrança de royalties.
POLÊMICA
A CTNBio aprovou o feijão transgênico por 15 votos a favor, duas abstenções e cinco pedidos de diligência (necessidade de complementação). Mas o debate sobre o tema deve continuar acalorado.
Com posição contrária à liberação, Darci Frigo, coordenador da ONG Terra de Direitos, pretende levar o caso à Justiça Federal, pois considera que houve irregularidades no processo de aprovação.
"Não foram realizados testes suficientes para garantir a segurança do produto. Esse é um assunto sério, pois envolve a alimentação básica do brasileiro", afirma.
O Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), órgão que assessora a Presidência da República, também se opõe à aprovação da semente.
"Não foi seguido o princípio da precaução, de que é melhor obter estudos mais avançados antes do plantio comercial", diz Renato Maluf, presidente do Consea.
Segundo Aragão, foram realizados testes de 2004 a 2010 em todos os ecossistemas onde o feijão comum é cultivado. "Temos convicção de que não há danos à saúde e também não identificamos diferenças nos fatores nutricionais mais importantes, como ferro e proteínas", diz. 
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br
  

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diferenças entre os tipos de laranja e como surgiu a laranja Bahia.


A principal diferença é o sabor. Basicamente, as centenas de tipos de laranja pertencem a duas espécies diferentes. A primeira delas, a Citrus sinensis, reúne as laranjas doces, como a lima, a bahia, a pêra e a seleta. Todas elas são apreciadas no preparo de sucos, doces ou no consumo puro. A segunda espécie, a Citrus aurantium, concentra os tipos ácidos, como a laranja azeda. A casca e a polpa servem para a fabricação de doces, enquanto as flores são usadas na extração de perfumes. As laranjas são nativas da Ásia, provavelmente do arquipélago malaio - que hoje abrange países como Indonésia, Filipinas e Malásia -, ou do sul da China, onde a fruta  já era conhecida há 4 mil anos. No século 16, os colonizadores portugueses trouxeram a novidade para o Brasil.
A adaptação não poderia ter sido melhor: hoje em dia, nosso país lidera a produção mundial de laranjas, dominando 33% do mercado. Saborosa e suculenta, a laranja também tem lugar cativo nas dietas saudáveis.
A principal característica da fruta é a grande quantidade de vitamina C- para um adulto, duas laranjas por dia suprem as necessidades diárias do nutriente. Difícil mesmo é evitar a confusão com outras frutas parecidas. Muita gente pergunta, por exemplo, se a grapefruit ou pomelo não passa de uma laranja maior e mais amarga. "Na verdade, o pomelo é um parente próximo da laranja, mas pertence a uma outra espécie, a Citrus paradisi, natural das Antilhas", afirma o engenheiro agrônomo Ygor da Silva Coelho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Cruz das Almas (BA).
Acidez açucarada 
Variedades doces são as mais consumidas no Brasil e no mundo 
LARANJA-BAHIA
Surgida no século 19 de uma mutação natural no estado da Bahia, essa variedade não tem sementes e é fácil de descascar. Por causa disso, é a laranja mais utilizada no preparo de saladas. Em alguns estados, a bahia também é conhecida como laranja-de-umbigo, por causa de uma pequena saliência na parte de baixo da fruta.
LARANJA-SELETA
Os pesquisadores acreditam que foi esse tipo que deu origem à laranja-bahia. De fato, as duas variedades são bem parecidas: ambas são pouco ácidas, têm polpa suculenta e casca amarelo-clara. Atualmente, a seleta vem perdendo espaço no mercado e seu cultivo é feito de forma reduzida
LARANJA JAPONESA
Apesar do nome, esse fruto pequeno e azedo comido com casca e tudo não pertence à mesma espécie das laranjas: as variedades mais comuns no Brasil, como a kinkan e a kunquat, são representantes do gênero Fortunella, um parente próximo do Citrus, mas com algumas características diferentes. A principal delas é o tamanho reduzido - tanto que algumas "laranjas" japonesas são cultivadas em bonsais
LARANJA-LIMA
Com seu sabor suave e doce, a lima é a menos ácida entre as laranjas populares. Por causa disso, é recomendada para crianças pequenas e pessoas com problemas digestivos. A polpa suculenta é ótima para ser comida diretamente, mas em geral não é usada no preparo de pratos ou na indústria
LARANJA-PÊRA
Adaptando-se facilmente a diferentes climas, a mais importante variedade nacional é plantada de São Paulo à Região Norte e responde por cerca de 70% da área cultivada no Brasil. Menor que as outras laranjas, a pêra tem um sabor levemente doce, ideal para o preparo de sucos ou para o consumo natural.

Fonte:
http://mundoestranho.abril.com.br 

sábado, 22 de outubro de 2011

Nova geração de Milhos Genéticamente modificados


Futuro promissor   Após visitarem uma grande área demonstrativa sobre a evolução das práticas agronômicas, melhoramento genético e biotecnologia nos últimos 40 anos, os milhocultores do Sul do Brasil foram recebidos por Robb Fraley, vice-presidente executivo da Monsanto Company, companhia responsável pelo desenvolvimento das tecnologias inseridas nos híbridos da Dekalb, que mostrou o foco estratégico dos novos híbridos e variedades que deverão chegar ao mercado nas próximas safras. “Para a Monsanto, entregar sementes mais produtivas, que preservem recursos naturais, e melhorem a qualidade de vida das pessoas faz parte do nosso pilar estratégico de pesquisa e desenvolvimento. Nossos investimentos são divididos em biotecnologia e melhoramento genético. Duplicar a produtividade de culturas como soja, milho e algodão até 2030 é um compromisso que buscamos tornar realidade em nossos laboratórios ao redor do mundo desenvolvendo soluções integradas tolerantes a doenças, mudanças climáticas e herbicidas. O Brasil, para nós, é um mercado importante e extremamente promissor”, disse Fraley.   Um dos produtos que vêm sendo desenvolvidos e que tem gerado mais expectativas entre os produtores é o que contém o gene de tolerância à seca. A primeira geração do produto deve chegar ao mercado americano na safra 2013 e deve produzir mais do que a planta que não tem o gene de tolerância em regiões com baixos índices pluviométricos como o oeste norte-americano. O produtor paranaense Francisco Jacoby, campeão do Concurso de Produtividade Dekalb em Teixeira Gonçalves (PR) e que reserva 100 hectares para o cultivo de milho em sua propriedade, ficou bastante interessado. “Graças ao uso de híbridos com biotecnologia e técnicas corretas de manejo, já aumentamos a produtividade média da lavoura, nos últimos dois anos, de 100 para 150 sacas por hectare. Como sofremos algumas vezes com forte estiagem, certamente essa nova tecnologia nos ajudará a superar esses níveis de produtividade”, acredita Jacoby.   Para o produtor Francisco Camargo, proprietário da fazenda Ouro Verde em Campos Novos (SC), o Genuity SmartStax Rib Complete foi uma das novidades mais interessantes. Trata-se de uma tecnologia de milho com refúgio no saco, ou seja, dentro da sacaria o agricultor já encontra 5% de sementes com a tecnologia Roundup Ready 2 sem a necessidade de reservar parte da sua lavoura para o plantio de milho não Bt. “Esse tipo de facilidade mostra a preocupação da empresa em fazer com que os benefícios gerados pela biotecnologia possam aumentar ainda mais a rentabilidade do produtor”, diz Camargo. Outros genes testados e que vêm sendo desenvolvidos em híbridos da Dekalb estão relacionados à tolerância à dicamba e eficiência no uso do nitrogênio que permitirá às raízes ter maior captação de nitrogênio e, com isso, maior produtividade. As tecnologias deverão chegar ao mercado norte-americano, respectivamente, a partir de 2014 e meados da próxima década.   Tecnologias utilizadas nas lavouras norte-americanas neste ano  
Milho Genuity SmartStax TM – Tecnologia com oito genes combinados que propiciam o mais absoluto espectro de controle de pragas aéreas e de solo, além de tolerância a herbicidas.  
Milho Genuity VT Triple PRO TM – Tecnologia que propicia duplo modo de ação para controle de pragas de solo, combinada com a proteção de pragas aéreas e a tecnologia Roundup Ready2 para milho. Oportunidade de grãos de maior qualidade.  
Milho Genuity VT Double PRO TM - Tecnologia que combina toda proteção de YieldGard VT PRO (dois modos de ação contra a lagarta do cartucho, lagarta da espiga e broca do colmo) com a tecnologia Roundup Ready2 para milho. O único com dois genes de modos de ação contra insetos. Essa tecnologia já está disponível no Brasil e é chamada de VT PRO 2. 
  Milho Genuity SmartStax Rib Complete - Tecnologia com oito genes combinados que propiciam o mais absoluto espectro de controle de pragas aéreas e de solo, tolerância a herbicidas com refúgio no saco, ou seja, dentro da sacaria o agricultor já encontra 5% de sementes com a tecnologia Roundup Ready 2 sem a necessidade de reservar parte da sua lavoura para o plantio de milho não Bt. Estará disponível aos agricultores norte-americanos a partir de setembro. 
Fonte:
http://www.americacorretora.com

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A História do Mangalarga Marchador


O Marchador, antes de se transformar em Mangalarga, era um desbravador dos sertões. E assim foi desde o início da sua história, que começou no ciclo do ouro, do sangue e das lutas armadas pela posse das riquezas escondidas no solo de Minas Gerais.
Na guerra das Emboabas, quando paulistas e portugueses cruzaram armas pelo domínio das minas no interior, um bom cavalo Marchador valia uma libra de ouro apurado - paga pelo conforto do seu andamento, velocidade do seu galope e confiança no seu brio.
Depois do barulho da guerra, a terra disputada começou a devolver, com riquezas outras, a quem nela trabalhasse, sem que lhe adubasse com sangue. Com a força do café, arroz, milho, feijão, cana-de-açúcar, bovinos e eqüinos, Minas começou a crescer.
O cavalo Marchador tornou-se ainda mais indispensável na abertura dessas terras montanhosas, sem estradas, pontes, ferrovias - e sem, ao menos, um rio navegável para ligar a nova província ao litoral. O Marchador era o companheiro inseparável do fazendeiro no seu trabalho no campo e nas suas viagens pelo interior - principalmente quando tinha negócios a tratar no mercado da comarca, em Ouro Preto, no porto, ou na corte do Príncipe Regente, na cidade do Rio de Janeiro. Nesta época, o raiar do século XIX, começou-se no Sul de Minas, a selecioná-lo como raça.
Em casa, na fazenda, o Marchador era o cavalo predileto, pela segurança do seu andamento, para a lida do gado, nos pastos altos das serras que caracterizam Minas Gerais. Nos dias Santos, com sela, cabeçada e rédeas de níquel ou prata, era o cavalo escolhido para acompanhar a procissão em homenagem à padroeira da cidade.
Aos domingos, a parentada e os amigos reuniam-se cedo no terreiro, com Mangalarga Marchador e farejador paulista, para mais uma caçada ao veado campeiro, esporte preferido por essa gente das geraes. Achado o rastro, avistada a caça, começava o tropel pelas chapadas, cruzando encostas das grotas, cortando cristas das serras, pelas veredas dos vales, através dos capões das matas; saltando pau, pedra e riacho. Mangalarga Marchador e veado campeiro - num duelo de agilidade, velocidade e resistência animal.
Vencida a caça voltavam, os cavaleiros, de rédeas frouxas e marchas suaves, os longos quilômetros percorridos a galope.
Mal sabiam eles, cavalos e cavaleiros perdidos no longínquo sertão mineiro, a revolução que iria causar um dia estes andamentos marchados.


Breve História do Cavalo Mangalarga Marchador
Os primeiros matungos a chegarem em terras do Sul de Minas não eram, certamente, marchadores. Quando a região foi desbravada para a agricultura e a pecuária, no século 18, depois da dramática fase da mineração, o homem das Geraes não estava à procura de um cavalo cômodo de sela. Passado o ‘polígono do ouro e do sangue’ o faiscador, cansado de esperar pelo acaso, guardou a bateia e entregou-se ao cultivo da terra. E precisava, para esta nova empreitada, de um companheiro de trabalho dócil, forte e disposto a carregar o fardo da abertura de um ‘novo mundo’ para a lavoura e o pasto.
Foi se acumulando na região uma cavalhada rústica de serviço -, os machos utilizados para o trabalho e as fêmeas para produzirem burros. Inevitavelmente, em razão da sua origem ibérica, havia entre eles, como numa bateia de cascalho aurífero, alguns granetes de ouro - um ou outro animal marchador.
E a Capitania das Minas Geraes, fechada nas suas montanhas, foi prosperando. Como produtor agropecuário tornou-se, com o tempo, um dos sustentáculos da economia rural brasileira.
Mas, apesar da sua crescente opulência, o povo sul mineiro era isolado -, sem vias naturais de acesso. Não havia rio navegável para servir de ligação entre o interior e as cidades do litoral. Nenhuma ferrovia que o ligasse à capital, Ouro Preto, ou à sede do governo Imperial, o Rio de Janeiro. As companhias inglesas ainda não estavam dispostas a financiar uma ferrovia de dimensões faraônicas, capaz de superar os obstáculos impostos pela majestosa Serra da Mantiqueira, englobando uma região maior do que própria Inglaterra. O único meio de transporte viável, capaz de vencer as precárias estradas das serras, surradas pelas chuvas e desfiguradas pelos deslizamentos, era a tropa de burros e cavalos.
É neste contexto histórico que podemos começar a vislumbrar a preferência dos habitantes destas terras por um cavalo forte, ágil... e marchador.
Imagine o sucesso de um bom cavalo de marcha para o ‘novo’ homem das Geraes que, agora fazendeiro abastado, dependia exclusivamente do cavalo para se locomover dentro e fora da região serrana. Ora para fiscalizar as suas extensas lavouras, ora para ‘agir’ os seus negócios na sede da comarca, freqüentemente para resolver problemas forenses na capital da Província, Ouro Preto, e eventualmente saldar compromissos na capital do Império, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Só dispondo de um meio de transporte – o lombo do burro ou do cavalo – não é difícil se imaginar o fazendeiro rico a pagar uma ‘fortuna’ por um bom cavalo marchador.
‘A preocupação era conseguir cavalos bons de sela, cômodos, mas ligeiros, cavalos prontos. Nessa época, José Frausino adquiriu um potro, chamado Fortuna, em alusão ao alto preço pago por ele. Há versões que nos contam que o preço pago pelo cavalo teria sido de 150$000. Outros informam que havia uma troca por 40 novilhas’. (R. Bortoni). Ao preço de 10 mil dólares, em 1828, não é por mero ‘acaso’ o primeiro marchador a ser mencionado na História da raça chamar-se ‘Fortuna’.
O Mangalarga Marchador, surgiu no Sul de Minas, como uma necessidade do patrão. Formou-se, como raça, pela mão dos patriarcas de uma sociedade essencialmente eqüestre - um dado histórico importante, para a compreensão do sucesso deste cavalo - que se tornou a primeira raça brasileira verdadeiramente nacional.


O Cavalo Alter Real
Não se faz raça sem raça. Emílio Solanet atribuiu a origem do Mangalarga Marchador ao Andaluz. Já, D.B. Ribeiro, A. Cabrera, e Guilherme Hermsdorff apresentam o cavalo Alter Real como básico na formação da raça. Estas posições não são hipologicamente conflitantes, pois o Alter Real é de origem Andaluza. Em minhas pesquisas étnicas realizadas na Coudelaria Real em Alter do Chão foi possível comprovar a ascendência genética do MM com o Alter Real, como divulguei no livro Os Cavalos da Vila Quixote.
No início do século 19, o Mangalarga Marchador era feio se comparado às raças tradicionais do velho mundo - Andaluz, Lusitano, Puro Sangue Inglês e Árabe. ‘De cabeça um tanto pesada, com resquício de subconvexidade, pescoço curto e de inserção baixa, garupa um tanto inclinada.’(R. Bortoni).
E o Mangalarga Marchador, feio mas útil, como o sapo na História da carochinha, ficou a esperar o seu ‘príncipe encantado’ para completar a sua metamorfose e transformar-se num belo cavalo de raça.
O Príncipe chegou, um dia, melhor do que a encomenda -, na forma de um Imperador - o Imperador D. Pedro II. ‘Conta a tradição que um prestigiado fazendeiro do Sul de Minas - Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas - recebeu do Imperador do Brasil um garanhão da raça Alter Real. O cruzamento deste cavalo com éguas selecionadas em sua fazenda Campo Alegre, deu início à raça Mangalarga Marchador”. (A História do Cavalo Mangalarga Marchador, ABCCMM).
A história de que D.Pedro presenteara o Barão de Alfenas com um garanhão Alter Real contem uma semente da verdade: a fusão dos primeiros animais marchadores com sangue Alter, através da Coudelaria Cachoeira do Campo, fundada por D. João VI, na comarca de Cachoeira do Campo em Minas Gerais realmente aconteceu. Vejamos o que diz a História oficial: ‘Por carta régia de 29 de julho de 1819, manda-se criar em Cachoeira do Campo, próximo a Ouro Preto, nos pastos do antigo quartel do Regimento de Dragões, o ‘Estabelecimento das Manadas Reais da Capitania de Minas’ - a Coudelaria Real de Cachoeira do Campo, destinada à seleção e melhoramento das raças cavalares. Dos cruzamentos das raças importadas valem-se muito os criadores mineiros. Sobretudo com aqueles estabelecidos na comarca do Rio das Mortes, centro criador de alto nível desta colônia. A iniciativa de constituição de um campo de experimentação e melhoramento do cavalo encontra, em Minas Gerais, na primeira metade do século 19, fortes adeptos entre os criadores e proprietários sul mineiros. A experiência da Coudelaria Cachoeira do Campo é reveladora e de grande expressão na História do Mangalarga Marchador”.
É natural que D. João VI tenha se preocupado em fundar uma Coudelaria para o melhoramento de cavalos no Brasil. Luccock, viajante inglês, descreve com horror a escolta que de início acompanhava em seus passeios a traquitana de Dom João, que era composta de soldados montados em cavalos sem ferraduras, muitos mancos, cegos de um olho ou chaguentos. Afinal, a Casa Ducal de Bragança, agora sediada no Rio de Janeiro, era a única corte européia nas Américas e precisava de cavalos de qualidade para se fazer representar com dignidade ao povo e aos embaixadores e emissários estrangeiros que visitavam o Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves.
Mas a raça Alter Real não trouxe a marcha para o Mangalarga Marchador, nem a sua ‘fusão’ com as éguas nativas resultou na marcha. O cavalo marchador existia na Europa à época da descoberta das América e chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses - e no Sul de Minas já era objetivo de seleção dos fazendeiros, antes da chegada de D. João VI ao Brasil. O sangue Alter contribuiu, com as suas notáveis qualidades de conformação: o diagrama próximo do Andaluz, cabeça refinada com olhos bem separados, pescoço levemente arqueado, espádua longa, grande profundidade torácica, garupa musculosa e pernas particularmente fortes e de boa ossatura; isto, além de uma inteligência e vivacidade característica dos grandes cavalos de sela. O Alter Real representou a melhora da conformação necessária para a transformação do cavalo mestiço, em cavalo de raça. A raça Alter Real deu ao Mangalarga Marchador moderno o toque de ‘nobreza’ para que a raça fosse digna do dignitário e abriu-lhe a porta para a corte Imperial do Rio de Janeiro.


A Coudelaria Real de Alter do Chão
A seleção do cavalo Alter Real em Portugal foi iniciada em 1748, por ordem régia de D. João V, em Vila Portel. na província portuguesa do Alentejo. O criatório foi transferido para Alter do Chão, em Portoalegre no ano de 1756. A criação foi iniciada com 300 éguas Andaluzes, selecionadas em Jerez de la Frontera, o centro de reprodução eqüina mais importante da Espanha.
A Coudelaria Real Alter do Chão se tornou tão bem sucedida que passou a fornecer seus animais para o Manège Real de Lisboa, para apresentações de Alta escola, semelhantes às da Escola Espanhola de Viena. A raça foi também incorporada à corte inglesa - e o Alter Real é hoje uma das raças utilizadas pela Sua Majestade a Rainha Elizabete II, nas cerimônias oficiais da Grã-Bretanha. Como indica o nome, o Alter Real foi desenvolvido para apresentar a realeza numa moldura heróica - e o seu espírito nobre e elegante é perfeito para a refinada arte da equitação clássica.
Mas, no início do século 19, houve um desastre no glorioso percurso da raça: na “crise de 1807”, que terminou com a invasão de Portugal por Napoleão, a Coudelaria Real de Alter do Chão foi saqueada pelas tropas de Napoleão e muitos dos animais foram roubados e outros ‘desapareceram’. Mas o Príncipe Real (D. João VI), ‘ao prover a segurança e a preservação da sua pessoa e da Família Real, ’ como definiu o Marquês de Pombal, mandou vir para o Brasil, entre os seus mais valiosos tesouros, suas alfaias, baixelas, quadros, jóias, e biblioteca, alguns exemplares dos principais reprodutores e reprodutrizes da raça. Bom cavaleiro e entusiasmado caçador, é certo que o Príncipe não entregou de mão beijada ao ‘Corso’ todos os seus preciosos animais e que, a exemplo da raça Lipizzaner que se refugiou na Hungria em 1805, pôs a salvo no Brasil, a sua família, a sua honra, e alguns dos seus magníficos cavalos e éguas Alter Real.
Entretanto, em 1834, a Coudelaria Real Alter do Chão acabou sendo desativada, mas no final do século a Rainha Maria Pia reorganizou o criatório, introduzindo sangue inglês, normando, hanoveriano e principalmente o Árabe. Essas fusões foram mal sucedidas e a raça praticamente arruinada. (Foram preservados desta degradação genética os animais vindos para o Brasil, com a transferência da corte para o Rio de Janeiro em 1808).
Em 1932, o Ministério da Economia do regime Republicano de Portugal, reativou a Coudelaria e reintroduziu o sangue Andaluz original. O resultado foi o ressurgimento do cavalo Alter Real de alta qualidade e hoje mundialmente prestigiado como um atleta particularmente vocacionado para as performances eqüestres. Quando visitei a Coudelaria, em 1998, durante os festejos de seus 250 anos, o governo português havia feito grandes investimentos na área zootécnica e na recuperação do centenário estabelecimento.
Alter Real - ficha zootécnica: Altura: entre 1.50m e l.60m; pelagem: predominantemente castanha; conformação: a impressão geral é a do cavalo Andaluz. A cabeça é nobre e refinada, com olhos espaçados, perfil reto ou ligeiramente convexo; o pescoço arqueado, boa angulação de espádua, o corpo curto e o tórax profundo, a garupa musculosa e forte, cauda e crina abundante, pernas sólidas e com boa ossatura e tendões fortes. A raça é muito inteligente, corajosa e de grande agilidade. O temperamento é vivaz, a índole boa. São animais ótimos para qualquer disciplina eqüestre, mas são especialmente conhecidos como cavalos de Alta Escola.


MM no Século 19 – o Apogeu
Estamos chegando à última década do século 19, o apogeu do cavalo e da cultura eqüestre em todo o mundo civilizado. O general L’Hotte, o melhor equitador da França, é écuyer-en-chef – mestre equitador – da Escola de Cavalaria de Saumur; o Capitão Caprilli, o principal modernizador da equitação clássica, desenvolve o ‘assento adiantado’ na escola de Cavalaria de Pinnerollo, na Itália; O ‘venerável’ Imperador Franz Joseph promove reprises eqüestres inesquecíveis na Escola Espanhola de Viena. A Inglaterra, com a morte da rainha Vitória e a ascensão de Eduardo VII, entra numa roda-viva de pompa e circunstância eqüestre, com grandes desfiles de cavalaria nas cerimônias de coroação do seu monarca.
E, enquanto isso, na nova República do Brasil, o Generalíssimo Manuel Deodoro da Fonseca governa, e o cavalo marchador, já conhecido com o nome Mangalarga, tem grande prestígio, principalmente, no eixo econômico Rio/Minas.
Período efervescente este, do final do século. A política do “café-com-leite” domina o cenário político Nacional; Antônio Conselheiro prega nos sertões; Machado de Assis escreve um dos seus grandes contos, Quincas Borba, e assume como o 1o Presidente da Academia Brasileira de Letras; Ruy Barbosa redige a 1 a constituição da República; o genial Santos Dumont experimenta, em Paris, o seu ‘mais pesado do que o ar’, o Dumont 1 (precursor do famoso “14 Bis”), e cai de uma altura de 400 metros, mas sobrevive; Vital Brasil inventa um soro contra o veneno de cobra: Floriano Peixoto assume o Governo, sufoca a Revolta da Armada, salva a nova República, e ganha do povo o cognome “Marechal de Ferro”.
Nestes dias também nascem, na Fazenda Campo Lindo e na Fazenda Angahy, no sul de Minas, dois reprodutores que representam, a ‘Belle Epóque’ da raça Mangalarga Marchador: Caxias I e Bellini JB. E o cavalo Mangalarga Marchador é o ‘Lear Jet’ do ‘Jet Set’ da época, sendo muito admirado por onde passa, com sua postura altiva e seu andamento ‘aveludado’.
Mas, ainda na aurora do novo século, a lavoura e a pecuária começam a não ser mais a fonte de preocupações maiores do Estado, como já havia deixado de ser a mineração do ouro e das pedras preciosas no início do século anterior.
Quando Ruy Barbosa chama Juiz de Fora entusiasticamente de ‘Manchester Brasileira’, está decretado o fim de uma era. As estradas de ferro estão finalmente cruzando as Geraes; a nova capital do agora Estado de Minas, chamada de Belo Horizonte, está diretamente ligada ao Rio de Janeiro, por via férrea.
Minas Gerais ingressa na era industrial, e com a fuga do capital e dos recursos humanos do interior para os grandes centros urbanos do Estado, começa o empobrecimento da sua economia rural.
Depois de algumas dezenas de anos do novo século só restaram, como testemunhos do vigoroso ciclo agropecuário mineiro e fluminense, os solares e as casas-grandes decadentes, os terreiros e as tulhas de café em escombros e as palmeiras imperiais respeitosamente guardando as entradas das fazendas - os últimos vestígios dos barões e dignitários extintos como os dinossauros da face da terra.
Sobreviveu, porém, nas montanhas do sul do Estado, uma testemunha viva – o Mangalarga Marchador – um patrimônio genético que teria ainda, um dia, mais um importante papel a exercer, no renascimento da economia rural do Estado de Minas Gerais, cinqüenta anos depois.


Alfenas, o Barão
Desde o início do século 18 existem notícias esporádicas de cavalos marchadores em Minas Gerais. Mas a história da raça Mangalarga Marchador só começa a ganhar nomes, datas, e endereços, no final daquele século.
O primeiro nome a aparecer na História é o de Gabriel Francisco Junqueira; a primeira data - a de seu nascimento em 1782 - e o primeiro endereço é o da Fazenda Campo Alegre, município de Encruzilhada, hoje Cruzília, no Sul de Minas, onde Gabriel nasceu.
Gabriel Francisco Junqueira (1782-1868) é filho de João Francisco Junqueira que, vindo de Portugal, se instala como fazendeiro na região da Comarca do Rio das Mortes. Em 1769, por concessão do Governador da Capitania de Minas, João Francisco recebe carta de sesmaria da Fazenda Campo Alegre – fazenda que, pelas mãos do seu filho Gabriel, será o centro de formação do Mangalarga Marchador.
A vida de Gabriel foi dedicada à fazenda, à política e ao Mangalarga Marchador. Na política, Gabriel foi Comendador, Deputado por Minas Gerais, e liderou em 1842, com sessenta anos de idade, uma rebelião de liberais para ‘livrar o regime (monarquista) da coação da oligarquia conservadora, a qual atraiçoava, em seu interesse, o País e o trono’ (mais ou menos o discurso do Lula cento e cinqüenta anos depois). Na província de Minas, o movimento conquistou adeptos que acabaram formando a coluna ‘Junqueira’, com a participação de mais de mil homens, entre eles, grandes fazendeiros e comerciantes. ‘Apesar das vitórias obtidas, o avanço do movimento é comprometido pelos erros e vacilações dos liberais (da turma do deixa-disso). Num processo inconseqüente de marchas e contramarchas, os insurgentes terminam por ver desgastadas seus recursos, cedendo, por fim, à reação governista.’ Ou seja, a coluna ‘Junqueira’ se rende na Vila de Baependí, é desbaratada e seus líderes presos. Mas Gabriel, numa demonstração de grande habilidade política, dote natural de seus conterrâneos mineiros, é anistiado e agraciado com o título de ‘Barão de Alfenas, ’ em 1866, seis anos depois. (Em política, como dizia Lorde Palmerston, não se tem amigos nem inimigos permanentes, só objetivos políticos permanentes - ponto para Gabriel).
Como criador de cavalos, o Barão de Alfenas se utiliza grandemente dos reprodutores cedidos pela Coudelaria Cachoeira do Campo - é natural que o seu prestígio político junto à corte (apesar do imbróglio de Baependí, que teve um final feliz) lhe desse acesso ao que de melhor havia no centro de melhoramento eqüino de Cachoeira do Campo.
Por isso o cavalo mais importante da Fazenda Campo Alegre não tem nome certo - é Sublime, talvez - e não era Mangalarga Marchador - era um reprodutor Alter Real, proveniente da Coudelaria Alter do Chão, do Alentejo, Portugal; é o cavalo que o Barão de Alfenas recebeu, segundo a tradição, das mãos do Imperador, Dom Pedro II. E com este reprodutor depurou o seu criatório de cavalos Marchadores.
A realidade mais provável deste fato é a de que o Barão de Alfenas - utilizou-se dos reprodutores da Coudelaria Cachoeira do Campo, como comprova um ofício com a sua assinatura, de 1861 - em que declara estar devolvendo um reprodutor à Coudelaria e mais alguns produtos, provavelmente, como pagamento de uso. E o povo de Encruzilhada vendo o belo garanhão Alter da Coudelaria na fazenda Campo Alegre, admira-se e comenta: “Ocês viram o cavalão que o sinhô Barão ganhô do Imperadô? Não? Então vão vê que formosura, etc e tal!” (Vox populi vox dei.). O Barão de Alfenas morreu em 1868 deixando para o Brasil a preciosa raça Mangalarga Marchador e para a sua filha Chiquinha um cavalo de estimação chamado Mangalarguinho.


Patriarcas e Genearcas
O ‘Barão de Alfenas’ iniciou, além de uma nova raça de cavalos, uma linhagem de criadores que vararam os tempos e, num exemplo raro de hereditariedade na história da eqüinocultura brasileira, a família chegou aos dias de hoje criando cavalos. Os descendentes do Barão de Alfenas, e outros criadores, conseguiram, a despeito da desorganização havida na eqüinocultura, com a invenção do trem, do automóvel e outras formas de transporte, conservar a genética da marcha até o renascimento da eqüinocultura brasileira, que aconteceu no início na década de 70 e chegou ao auge em meados de 80. A seguir, vamos dar uma olhada nas primeiras fazendas criadoras da raça Mangalarga Marchador, e nos seus titulares, muitos em linha direta com o ‘Barão de Alfenas’.
Campo Alegre - A Fazenda Campo Alegre, do Barão de Alfenas, tem uma importância crucial na história do Mangalarga Marchador. Além de ser o marco inicial da raça, forneceu também, com a ajuda dos reprodutores da Coudelaria Cachoeira do Campo, os primeiros reprodutores marchadores de tipo definido. Por desmembramento hereditário, criaram-se importantes novos criatórios, como Bongue, Cachoeira, Narciso e Cafundó. O sobrenome Junqueira também se desdobrou, por casamentos, em Andrade, Reis, Meirelles e Araújo, sobrenomes que formam a base dos criatórios Sul Mineiros até os dias de hoje. Da Fazenda Campo Alegre saíram parte dos animais que formaram o plantel Favacho – um sufixo que ainda exerce influência na raça.
Favacho - Fundada pelo irmão do ‘Barão de Alfenas’, João Francisco Junqueira, a Fazenda Favacho só impulsionou a criação de cavalos com seu neto, José Frausino Junqueira considerado, juntamente com seu tio, o ‘Barão’, o nome mais importante entre os ‘bandeirantes’ da raça. Foi José Frausino que comprou o reprodutor Fortuna, genearca que gerou os primeiros grandes sementais da raça: Gregório, Manco, Armistício (armistício da I Guerra Mundial?), Colorado (também formador da raça Mangalarga Paulista), Gesso, Radical e Candidato. José Frausino foi também um dos primeiros e mais famosos caçadores de veados da família Junqueira. Por esse hábito, os animais originários da Favacho caracterizam-se por serem fortes, resistentes, ágeis e de bom andamento marchado, uniformes na marcha batida. Quatro bons exemplos são os reprodutores Favacho Farol, Favacho RB, Zeus PFG e a reprodutriz Favacha Santiago. A fazenda Favacho está situada no município de Cruzília, no Sul de Minas.
Campo Lindo - Também situada no município de Cruzília, a Fazenda Campo Lindo é de 1870, e foi propriedade de José Frausino Junqueira, o ‘bandeirante’ da Favacho. Mas quem fez a fama de Campo Lindo foi o seu filho João Bráulio Fortes Junqueira, nas últimas décadas de 1800. Foi João Bráulio que criou o sufixo JB, importante e respeitado até os dias de hoje. O reprodutor que teve o maior impacto na reprodução da Fazenda Campo Lindo foi Bellini JB, que gerou sementais como Ouro Preto, Mozart, Clemenceau I. O semental Bolívar, também filho de Bellini, serviu na Engenho de Serra e Pegaso, Rádio e Canário foram reprodutores que tiveram grande influência na Fazenda Traituba. Outro reprodutor famoso, porém não da patrelinha direta de Bellini, foi sincero JB, pai entre outros de Charlatão JG.
Traituba – ‘A sua sede, também situada em Cruzília, foi construída por volta de 1827 com o objetivo de hospedar D. Pedro I. Mas devido aos acontecimentos políticos adversos, que marcaram o final do seu reinado, D. Pedro infelizmente não chegou a concretizar a sua visita a Traituba’ (ABCCMM). O Major José Frausino Fortes Junqueira, outro filho de Frausino (da Favacho), é considerado o consolidador do criatório Traituba que, por esta razão promove um grande intercâmbio genético com a Favacho. Do Major Frausino, os herdeiros da Traituba adquirem a paixão pelas caçadas, que determina o tipo de cavalo lá selecionado - animais com grandes qualidades funcionais – agilidade, resistência e comodidade. Pégaso, filho de Bellini, e mais Rádio e Canário, todos da mesma linhagem foram os expoentes da Traituba. Rádio conquistou, em 1943, o título de Campeão da Raça e de Marcha na Exposição de Lavras.
Angahy - A fazenda Angahy foi fundada por José Carlos Garcia Duarte, por volta de 1782. Mas foi o seu bisneto, Christiano dos Reis Meirelles que, cem anos depois, iniciou o criaitório com a marca “C”, conhecida por seus animais ‘marcantes e de destacada caracterização racial’. Um marco na História da Angahy foi o grande genearca Caxias I. Este extraordinário reprodutor, junto com Bellini JB da fazenda Campo Lindo, constitui os dois principais ramos sanguíneos do Sul de Minas. Caxias I nasceu em 1898, no ano do início do Governo de Campos Salles, e o auge do ‘ciclo do café’ na economia brasileira, e enriqueceu a raça Mangalarga Marchador com seus filhos Caxias II, Yanque, Caxias Alazão e Mangalarga II. Outros reprodutores do nível de Mozart, V-8 JF, Sátiro, Mineiro e Miron também ajudaram a fazer a fama da Angahy. A Fazenda Angahy é vizinha de cerca da Fazenda Campo Lindo (de João Bráulio Fortes Junqueira) tendo, portanto, o mesmo endereço - Cruzília.
Narciso - Desmembrado da fazenda Campo Alegre (do Barão de Alfenas), a Fazenda Narciso teve como primeiro proprietário Antonio Gabriel Junqueira, um dos filhos do ‘Barão de Alfenas’. Da Fazenda Narciso saíram importantes reprodutores, que tiveram grande influência na formacão da tropa Sul Mineira. Um deles, Abismo, é considerado um dos principais troncos da raça Mangalarga Marchador. Trovador, filho de Abismo, era afamado por sua refinada conformação e excelente andamento. Pretinho filho de Trovador, nascido em 1890, durante o Governo Provisório de Marechal Deodoro, é pai de The Money, por sua vez, pai do grande genearca Bellini JB. Abismo também foi pai de cana Verde, pai de Guera, e este pai do semental Caxias I. “Difícil encontrar palavras para traduzir tamanha importância deste criatório para a raça Mangalarga Marchador”, escreveu o hipólogo Sérgio Lima Beck.
Cafundó - A Fazenda Cafundó também é um desmembramento da fazenda Campo Alegre do ‘Barão de Alfenas.’ Seu primeiro proprietário foi Francisco Gabriel Junqueira, o ‘Chiquinho Cafundó’, foi o décimo filho do Barão. A Fazenda Cafundó, através do reprodutor Telegrama, deu início a uma das mais importantes linhas sanguíneas da raça Mangalarga Marchador. Nascido em 1867, durante o reino de D. Pedro II e um ano antes da morte do Barão de Alfenas, Telegrama era de pelagem tordilha, de ‘frente leve’ e de elegante e cômodo andamento. Telegrama foi pai de Apolo, o padreador chefe do criatório 53 (de José Frausino Junqueira Netto, filho de João Bráulio, da Campo Lindo). Apolo foi pai de Armistício JF (Favacho) e Armistício foi pai do grande Candidato, pai de Favacho (velho), que gerou Favacho RB. Este se destacou por ter gerado um grande número de Campeões Nacionais de Marcha. Da Fazenda Cafundó nasceu e saiu também o Coronel Severino Junqueira de Andrade, fundador em 1912, de um dos mais importantes criatórios da atualidade - a Tabatinga.


O Final do Século 20 – a Ressurreição
O século 20 foi de altos e baixos para o cavalo Mangalarga Marchador.
Nos primeiros cinqüenta anos foram fundados os principais criatórios tradicionais em atividade hoje, descendentes por laços de sangue ou amizade com os ‘bandeirantes’ da raça. A Abaíba em 1907, a Bela Cruz em 1948, a Herdade em 1935, Passa Tempo 1928 e em Tabatinga 1912. Foi também fundada a ABCCMM - Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador em 1949, instituição que fomentou a expansão da raça por todo o país.
Inicialmente, o objetivo da Associação era somente reunir debaixo da mesma bandeira todos os criadores de cavalos marchadores do tipo Mangalarga. Foram anos bastante difíceis, considerando a desvalorização do cavalo como meio de transporte, diante da acachapante popularidade do automóvel. Na primeira gestão do primeiro presidente, Moacyr Resende, receberem registro apenas 199 animais. O segundo presidente, José Bolívar de Andrade recebeu na sua posse, em 1955, a ACCMRM com 355 animais registrados e entregou a administração para o terceiro presidente, Márcio de Andrade, com 657 animais. A raça Mangalarga Marchador só atingiu a marca dos 2 mil cavalos em 1966. Na década de 70 a raça chegou a 10 mil animais. Mas a grande arrancada se verificou nos anos 80 quando, a (agora) ABCCMM, Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, na gestão de Aristides Rache Ferreira, ultrapassou o Puro Sangue Inglês em número de animais e se tornou a maior raça de cavalos criadas no Brasil, com uma tropa totalizando 100 mil animais. Vale uma explicação para a explosão do Mangalarga Marchador e da eqüinocultura brasileira na década de 80.
A revolução industrial brasileira, tão desejada pelos governantes republicanos, começava, já nos anos sessenta, a mostrar a sua face perversa – a poluição ambiental, a favelização da periferia, o transito caótico, e o crime crescente nos grandes centros urbanos. Foi quando a sociedade desiludida começou a ter ‘saudades do luar do sertão’ e a procurar, no campo, um pouco de paz para o seu descanso e lazer. Com esta perspectiva urbana ficou montado o ‘cenário’ para o ressurgimento do cavalo na sociedade brasileira.
Donos de fazendas descobriram que suas propriedades podiam se tornar rentáveis com seleção genética de eqüinos, bovinos e outros empreendimentos rurais. Donos de sítios e seu filhos descobriram que o cavalo é o grande companheiro para o seu lazer de fim-de-semana. Em menos de 20 anos, só a criação de cavalos de raça devolveu para o campo o maior investimento de origem urbana desde que Cabral havia, inadvertidamente, batizado a República Federativa do Brasil de ‘Ilha de Vera Cruz.’
O século 20, apesar da adversidade inicial, deixou um saldo positivo para o Mangalarga Marchador, que se tornou a maior raça criada no Brasil, com criatórios em quase todos os Estados da Federação.
O século 21 será certamente conhecido na história da humanidade, como o século da ‘regeneração ambiental.’ Depois de séculos de guerra contra a natureza, que destruiu florestas, arrasou espécies inteiras de animais e plantas, matou rios e infestou a atmosfera –, o homem negocia um novo acordo ambiental a favor da natureza - um acordo de paz e convivência ecológica sustentada. E com o reconhecimento da grande biodiversidade do Pais, o ‘mato’ que, no tempo de Rui Barbosa era sinal de atraso, vai virando parâmetro de civilização e geração de riqueza em todos os países desenvolvidos do mundo.
E nesta ‘nova ordem’, o Mangalarga Marchador poderá se tornar, para todo o Brasil, o que foi para Minas Gerais no século 19 - o companheiro inseparável na maior aventura de todas - a aventura de viver. 
Fonte:
http://www.desempenho.esp.br

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

GENO SHOW 2011 | Simpósio de Melhoramento Genético em Bovinos de Corte


TITULO: GENO SHOW 2011: I Simpósio de Melhoramento Genético em Bovinos de Corte.
PÚBLICO-ALVO: Alunos de graduação, pós-graduação, técnicos, profissionais, professores, produtores e (entre outros) que se interessem e/ou que tenham suas atividades relacionadas ao melhoramento genético animal.
DATA: 28 e 29 de outubro de 2011.
LOCAL: Auditório da FMB – São Luis de Montes Belos – GO.
HORÁRIO: 07h00min – 18h00min
Para mais informações clique aqui

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Alface transgênico pode ajudar no diagnóstico de dengue

Embrapa, UnB e Fiocruz se unem para desenvolver kit de diagnóstico mais ágil e econômico.


Divulgação/NCO
Brasília, 11 de outubro de 2011 – Uma pesquisa em parceria entre a Universidade de Brasília – UnB, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Fiocruz pretende utilizar plantas transgênicas de alface para diagnosticar o vírus da dengue. A ideia é produzir um kit de diagnóstico mais econômico e eficiente para agilizar a detecção da doença pela rede pública de saúde no Brasil. Hoje, no mundo, já se sabe que a biotecnologia pode ser uma forte aliada da saúde humana e que os kits de diagnósticos à base de plantas representam cerca de um décimo do valor dos convencionais.
O processo de transformação genética das plantas está sendo conduzido na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, sob a supervisão do pesquisador Francisco Aragão e consiste na introdução de uma parte do gene do vírus da dengue em DNA do cloroplasto de alfaces. As plantas são, então, colocadas em um meio de cultura com antibiótico que garantirá que apenas as células que receberem o gene do vírus sobrevivam. Por fim, as plantas são transferidas para um tubo para regeneração.
Esse processo leva cerca de quatro meses e as alfaces geneticamente modificadas são mantidas em casas de vegetação seguras e específicas para esses organismos na Unidade da Embrapa.
O kit terá um reagente produzido com a planta transgênica de alface na qual foi injetada o gene do vírus da dengue. A alface transgênica produzirá uma partícula viral defeituosa que será aproveitada em reagente, a ser misturado ao sangue coletado. Conforme a reação, o medicamento indicará se o paciente está com os anticorpos do vírus da dengue.

Novo kit pode reduzir necessidade de importação

“O Brasil precisa ter mais alternativas para o diagnóstico da dengue. Hoje em dia, o país não tem condições de produzir a quantidade de antígeno que precisa e acaba tendo que importar de outros países, como a Austrália. A nova alternativa poderá acabar com a necessidade do país em importar o kit diagnóstico”, explica o pesquisador Tatsuya Nagata, do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília.
Segundo o professor, a utilização de alface é a melhor opção na relação custo/benefício. Outros métodos com células de mamíferos, células de insetos, leveduras e bactérias também são utilizados para a preparação de vacinas ou para o diagnóstico de doenças, mas as plantas aproximam-se mais do sistema do ser humano e, por isso, garantem melhor qualidade. “Bactérias e leveduras têm um sistema celular mais primitivo do que o da alface. O sistema celular da planta é mais próximo do dos seres humanos”, diz.

Pesquisa está em fase de validação

O antígeno está sendo testado com sangue de pessoas que tiveram a doença registradas no banco de dados da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz. “Por enquanto os resultados estão sendo positivos, mas a validação ainda deve demorar uns dois anos, pois precisamos de um aproveitamento de cerca de 95% para poder pensar na comercialização do produto em grande escala”, explica a doutoranda da Fiocruz Franciele Maldaner, que também faz parte da pesquisa.
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, Jornalista/NCO
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Fones: (61) 3448-4769 e 3340-3672
Foto: Claudio Bezerra 

Fonte: 
http://www.cenargen.embrapa.br

XI Simpósio Brasileiro de Melhoramento Animal

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sábado, 8 de outubro de 2011

Documentario A história da Origem dos Alimentos


Como é complicado encontrar algo sosobre os trasgênicos que não seja uma crítica. O documentário  "A história da origem dos alimentos" nos propõe uma  a reflexão sobre o que são alimentos naturais e dismistifica alguns dogmas, retratando  como se deu a "evolução" dos alimentos até os dias atuais com os OGMs.

Sinopse: Investiga a origem dos alimentos, abordando também o tema dos transgênicos. Inclui entrevistas com cientistas e promove a importância da ciência em desenvolver crescentes suprimentos de comida barata e recursos renováveis.
Duração: 62 minutos.

Clique aqui para download do documentário

Fonte:
http://tvescola.mec.gov.br





terça-feira, 4 de outubro de 2011

Livro "Produtos naturais, que fraude!" causa polêmica na Espanha

Trabalho escrito pelo professor de Biotecnologia da Universidade de Valencia questiona conhecimento científico dos produtos naturais
Um livro chamado Los productos naturales! Vaya timo! (algo como Produtos Naturais, que fraude!) vem incentivando debates na Espanha. Especialmente depois de seu autor – o professor de Biotecnologia da Universidade Politecnica de Valencia, Jose Miguel Mulet – ter concedido uma entrevista ao diário catalão La Vanguardia na qual afirmou que os defensores de produtos naturais são "bons de papo, mas têm pouca base científica".

Mulet abriu espaço para opiniões diversas no blog homônimo ao livro (www.losproductosnaturales.com), discutindo ciência e biotecnologia. "Trato de buscar, do ponto de vista científico, o que há de verdade e de mentira por trás da publicidade e da percepção das pessoas de que os produtos naturais são melhores para a saúde e o meio ambiente", diz ele nesta conversa com o Monsanto em Campo.

Apesar das críticas, o professor também faz um mea-culpa. "Talvez os cientistas devessem sair um pouco dos laboratórios e dedicarem-se a contar à sociedade o que estão fazendo".

Do que se trata o seu livro Los productos naturales ¡vaya timo!?

O livro fala de tudo aquilo que nos é "vendido" sob o termo "natural" (ou orgânico), da alimentação à medicina, passando pela habitação e energia. Trato de buscar, do ponto de vista científico, o que há de verdade e de mentira por trás da publicidade e da percepção das pessoas de que são produtos melhores para a saúde e para o meio ambiente. A verdade é que por trás do mercado verde há muita ideologia, mas pouca ciência.

Por que decidiu escrevê-lo?

Tive de buscar informações sobre esses temas quando comecei a dar aulas na universidade, como parte da minha preparação e também por curiosidade. Percebi que muitas das coisas que meus alunos, futuros engenheiros agrônomos e biotecnólogos, entendiam como seguras em temas relacionados à alimentação não tinham base científica que os apoiassem. Por isso, pensei que poderia ser útil escrever um livro sobre o mercado "natural" ou "ecológico".

E como tem sido a reação dos seus leitores?

Em geral, a resposta dos leitores tem sido boa e tenho recebido comentários muito interessantes. Também é verdade que o livro incomodou muito os ecologistas, ainda que as críticas mais agressivas venham de pessoas que não se preocuparam em ler o livro. O mundo verde é pouco receptivo às críticas.

A preservação do meio ambiente e da ecologia são temas muito importantes atualmente, incluindo a questão de como se produz os alimentos. Qual a sua opinião sobre a necessidade de produzir mais alimentos e, ao mesmo tempo, conservar o meio ambiente?

A agricultura não é ecológica por definição. Mas já que é "agressiva" ao meio ambiente, devemos levar em conta todo o empenho e toda a ajuda da biotecnologia para que o seu impacto seja o menor possível, sem prejuízo da produção. Qualquer solução que implique em baixar o nível de produção de alimentos será um fracasso, já que nos obrigará a utilizar mais terra – ou seja, desmatar áreas virgens.

Há quanto tempo o senhor estuda os transgênicos?

Comecei a tese de doutorado em 1997, trabalhando com a tolerância à salinidade nas plantas. Atualmente, estou começando minha própria linha de pesquisa. Graças ao sistema modelo de leveduras, temos identificado genes de beterraba que dão tolerância à seca ou ao frio. Agora estamos introduzindo em plantas de interesse agronômico, como tomate e arroz.

Por que os europeus ainda resistem aos transgênicos?

São motivos históricos. As primeiras empresas a comercializá-los são americanas, por isso as empresas europeias viram com bons olhos as reticências de alguns grupos e aproveitaram para fazer leis restritivas, que lhes protegessem frente à concorrência. À medida que as empresas europeias comecem a desenvolver os transgênicos, esse medo vai passando e as leis serão menos restritivas. Aí está o exemplo da Alemanha, que era antitransgênica até que a Basf desenvolveu a batata Amflora.

Quais as vantagens dos transgênicos para a agricultura e os consumidores?

O tema transgênicos é muito amplo. Os medicamentos, o algodão, as enzimas dos detergentes são transgênicas. Tantas aplicações são a melhor prova de que a tecnologia funciona. A respeito das vantagens para o agricultor, depende de cada variedade. Algumas permitem economia de inseticidas, outras permitem o plantio direto. Esses benefícios nem sempre são percebidos pelo consumidor, salvo pela economia no preço final do produto. Agora mesmo estão desenvolvendo transgênicos com melhores propriedades nutricionais cujos benefícios serão mais perceptíveis para o consumidor. Estou certo de que, quando chegarem ao mercado, essas variedades diminuirão certa rejeição que ainda há em relação aos transgênicos.

Quais as vantagens dos produtos ecológicos?

Produto ecológico apenas quer dizer que se adapta à normativa de produção vigente no país. Deste ponto de vista, a principal vantagem é tranqüilizar a consciência do comprador, que crê que paga mais por algo que é melhor para a saúde ou para o meio ambiente, ainda que não esteja certo disso.

A agricultura convencional e a transgênica podem conviver harmoniosamente?

Sim, perfeitamente. É o que está acontecendo em países como a Espanha. Os problemas da coexistência são um mito criado conforme o interesse de algumas organizações. Se você for ao campo, não verá esses problemas em nenhuma parte. Quem quer transgênico planta transgênico. Quem não quer, não planta. Apenas é necessário respeitar a distância recomendada. As leis de distância mínima dos transgênicos não estão pensadas para garantir a qualidade do produto, e sim para contentar os ecologistas.

Como tem sido o desenvolvimento da biotecnologia e a difusão do conhecimento científico na Espanha?

A situação é um pouco contraditória. A Espanha é o principal produtor de milho transgênico da Europa e, ainda assim, sofremos com a rejeição dos consumidores porque, em sua maioria, preferem a alimentação dita natural. Por outro lado, na Universidade Politécnica de Valencia, lançamos a carreira de Biotecnologia há cinco anos. Para 100 vagas temos 800 candidatos. Temos às vezes uma rejeição à biotecnologia na alimentação, mas há grande interesse dos jovens em estudar biotecnologia. Talvez os cientistas devessem sair um pouco dos laboratórios e dedicarem-se a contar à sociedade o que estão fazendo. Minha modesta contribuição é o livro e o meu blog – www.losproductosnaturales.com –, onde falo de biotecnologia e de mitos na chamada alimentação natural.

Fonte: 
www.monsanto.com.br